De forma resumida e numa abordagem superficial gostaria de fazer um balanço sobre os temas que foram debatidos no Wine Marketing Conference, que se realizou no Mosteiro de São Bento da Vitória, no Porto. Em 1º lugar gostaria de dar os parabéns ao IPAM e parceiros associados, pela organização, e pelo local onde se realizou. De facto, o Mosteiro de São Bento da Vitória é um local muito bonito, agradável e um monumento de referência da cidade Invicta.
Em relação às intervenções dos oradores convidados, penso que conseguiram de um modo geral prender o público através de um discurso interessante, com temáticas relevantes e actuais. Começando por Pedro Barbosa, docente do IPAM e autor da obra Speculations and Trends, a sua intervenção não abordou especificamente o sector dos vinhos, mas antes as tendências e especulações que existem actualmente na sociedade, sobre aquilo que as pessoas pensam que vai acontecer nas diversas áreas, saúde, tecnologia, emprego etc. Uma abordagem multifacetada dos anseios e expectativas da sociedade (em vários países) que podem ser ou não concretizadas.
Evelyne Resnick, a 2ª convidada, é uma especialista em Web marketing, e em estratégias para o desenvolvimento de marcas de vinho, no contexto da internet. Falou sobretudo das comunidades online, tais como o Open Wine Consortium, e da importância que podem ter para os produtores de vinho, mas também abordou as plataformas de Wine Social Media, como o conhecido Snooth. Uma das novidades que acrescentou foi a possibilidade de os produtores optarem por divulgar as suas marcas através de plataformas de rádio online. Estranhamente e surpreendentemente (pelo menos para mim) desconsiderou as redes sociais como o Facebook ou Twitter, defendendo que ainda não existem estudos que nos digam realmente se estas novas formas de comunicação são ou não relevantes para as marcas de vinho. Na minha opinião, parece-me que mesmo alguns gurus do sector da comunicação e marketing de vinhos não estão ainda preparados ou actualizados para esta nova realidade. Com todo o respeito pela interveniente pareceu-me pouco preparada neste tema.
John Gillespie, um reputadíssimo marketeer do sector dos vinhos nos EUA, foi na minha opinião o mais entusiasta da tarde/noite, com uma preparação e capacidade de comunicação notáveis, com um discurso fluente, muitas das vezes engraçado, e conhecedor profundo dos temas que abordou. Na sua intervenção, o aspecto que me chamou mais a atenção foi o especial enfoque que o autor fez á geração millenium, e ao papel que esta geração irá ter no sector vínico dos EUA. São estes os futuros consumidores, que as marcas precisam de “agarrar”, são os consumidores dos IPOD´s, dos IPHONE´s, dos computadores, e de todas as novas tecnologias. São uma geração que, parte dela ainda não é consumidora, mas que a breve trecho irá ditar as leis no mercado americano de vinhos. A geração Millenium nos EUA representa uma das fatias maiores da população, com mais de 70 milhões de pessoas. A procura por vinhos mais baratos irá permanecer, mesmo que a crise seja ultrapassada, de acordo com um estudo que apresentou.
Ainda a registar a breve intervenção do responsável de marketing do grupo Symington, sobre o modo como foi feita a gestão da comunicação da notícia sobre a obtenção de 100 pontos pelo vinho do Porto Dow´s Vintage 2007, que foram atribuídos pela revista Wine Spectator. Nestes casos a reacção deve ser pronta, objectiva e concisa. Controlar a notícia, gerir o processo de divulgação pelos principais canais de comunicação, e chegar aos media que mais interessam, a nível nacional e internacional.
Muito mais haveria a dizer, mas são pelo menos as minhas primeiras impressões sobre o evento, que merece sem dúvida um destaque, pela novidade e coragem de se fazer algo numa área que inevitavelmente irá ser cada vez mais importante na vida das empresas vitivinícolas, o Marketing de Vinhos.